sábado, 31 de março de 2012

Esclarecimento


No ingresso ao meu atual emprego, em novembro último, fui vítima de um ato de discriminação, calúnia e difamação por uma ex-colega de trabalho e de faculdade, então diretora de uma das empresas da editora à qual eu estava ingressando.
Ferida em sua vaidade por eu não tê-la procurado para me valer do peso de seu cargo para conseguir emprego naquela casa editorial, e depois que eu já havia sido aprovado para o cargo de editor, sem ser consultada ela procurou meus empregadores para aconselhá-los a não me contratar sob o argumento de que, na condição de soropositivo, eu havia tido vários problemas no desempenho das minhas funções na editora onde ambos trabalhamos, e que esses problemas poderiam se repetir no novo emprego. Para acentuar a dúvida plantada na cabeça de meus superiores, disse ainda que sou uma pessoa "arrogante e desagradável".

São esses pontos que quero esclarecer:

1) Não é verdade que minha condição de hiv positivo tenha comprometido meu desempenho profissional na editora à qual minha ex-colega se refere, como podem comprovar meus inúmeros colegas, amigos, ex-superiores e autores cujos livros editei ao longo de dezessete anos. Tive, sim, problemas inerentes a essa condição, mas nada que impedisse um desempenho acima do satisfatório ao longo dos treze anos nos quais ainda permaneci nessa editora após o diagnóstico da síndrome. Desde então, escrevi cinco livros (um deles relatando a experiência da doença), fiz uma graduação em jornalismo, uma pós-graduação em ciências sociais e estou em via de iniciar outra pós.

2) Estou há cinco meses no emprego ao qual minha ex-colega tentou impedir meu ingresso. A previsão de que meu desempenho seria comprometido pela Aids não se confirmou. Pelo contrário, nesse período conquistei o respeito e a confiança dos meus empregadores e dos autores com os quais venho trabalhando, exercendo com plenitude e a contento as funções que me são atribuídas.

3) Nunca tive problema de qualquer ordem com essa ex-colega. No meu livro sobre a experiência com o hiv, publicado em 2000 pela editora na qual ambos trabalhávamos, ela teve um emocionante depoimento publicado na obra, por ter sido a primeira pessoa a quem mostrei os originais do relato. De lá para cá, esteve em dois lançamentos de livros meus, sempre demonstrando admiração e respeito por mim, que eram recíprocos. Credito seu ato ao deslumbre com o pequeno poder e ao desprezo que certas pessoas passam a cultivar em relação a seus ex-colegas quando ascendem na hierarquia, desprezo que só medra na mente dos que não possuem o preparo, a serenidade e o equilíbrio adequados para ocupar os cargos que ocupam.

4) Estou bem de saúde, entusiasmado com o trabalho e com a vida, disposição que, combinada com os recursos da medicina, têm me ajudado a superar as questões da soropositividade e a levar uma vida praticamente normal.

5) Quanto à discriminação, à calúnia e à difamação, caberia processo, pois se trata de crime tipificado no Código Penal, mas não vou e não quero mexer com isso, pelo desgaste que implicaria. Julgo importante, porém, fazer esse esclarecimento, sem o qual eu não ficaria tranquilo com a minha consciência nem me sentiria digno diante de mim mesmo.

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