terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lea T.

Gostei muito da entrevista da Lea T., a modelo transexual que é filha do ex-jogador do Atlético MG, Sampdoria, São Paulo e seleção brasileira (copa de 1982), Toninho Cerezzo. Foi bom saber que ela tira de letra o preconceito e, principalmente, sei lá por que motivo, mas há um motivo, por confirmar (eu já tinha lido a respeito em outras publicações) que seu pai a apoia e a aceita.
Eu me lembro que, na década de 1970, quando, garoto ainda, lia avidamente a revista Placar, Toninho Cerezzo surgiu no Atlético de Minas, naquele time fantástico que tinha ainda Reinaldo, Paulo Isidoro, João Leite, Marcelo, etc. Nas excelentes matérias feitas por Placar, li a certa altura uma reportagem sobre o jovem Toninho Cerezzo, o craque das pernas aparentemente descordenadas, mas que já era então um médio volante ágil e ofensivo de rara habilidade (tanto que foi o titular de Telê na Espanha, alguns anos depois). Uma informação me ficou daquela matéria: a de que Toninho Cerezzo era filho de palhaço. Sim, palhaço, palhaço de circo. E que viera de uma família humilde. Hoje, revendo o rumo que sua vida tomou (depois do êxito como jogador, ele atualmente é técnico), e principalmente em vista dessa circunstância que a vida lhe ofereceu, vejo que nem tudo está perdido neste reino de hipocrisia e frivolidade em que se transformou o Brasil (e o mundo). Ainda existem pessoas que, embora humildes de formação, conseguem transpor aquela tênue linha da grandeza e da coragem de assumir a vida como ela é. E de se ancorar em sentimentos verdadeiros, independentemente do que o mundo pense. Li na Veja, há duas semanas, que Cerezzo disse amar seu filho (que para ele continuava a ser "o seu neguinho") não importando se ele fosse homem, mulher ou cachorro. É dessas declarações que compensam tudo de lastimável que lemos diariamente na imprensa a respeito das relações humanas no mundo comtenporâneo.